quinta-feira, 17 de abril de 2014

Silêncio e amor

Chegou ao apartamento dele. Cinco horas da tarde e o sol já queria ir embora. Sim, ela devia ter seguido o conselho do sol e ir junto com ele. Mas, algo pedia para que ela continuasse parada em frente à porta dele. Tudo parecia patético, ridículo! A verdade é que tudo dentro dela doía, cada pedaço dentro dela estava partido e sim, ela estava sem rumo. A pior coisa que existe é alguém sem rumo, sem fé. O vazio dentro dela precisava ser preenchido de alguma maneira e ela estava escolhendo aquele rapaz para preenchê-lo. Que boba! Ninguém preenche o vazio de dentro do coração com outra pessoa. Só ela achava que sim. Havia um desespero gritante dentro dela, ela precisava abandonar aquela vida que estava levando.

Antes que ela pudesse bater na porta, ele abriu. Ficou parado com os olhos incrédulos. Estava sem reação. Os dois se olhavam sem saber o que falar, apenas sentiam o silêncio. Na cabeça dela, tudo estava confuso, ela tinha uma vontade enorme de dizer tudo que estava preso. Na cabeça dele, tudo estava tranquilo, ele sabia que não sentia nada por ela, mas só não tinha jeito para despachá-la. A vizinha abria a porta e aquele barulho de porta velha fez com que os dois virassem para analisar a cena, o corredor continuava escuro e só o maldito barulho da porta da vizinha permanecia no lugar. Eles se concentravam na expectativa da porta abrir. A vizinha deu um 'boa noite' e cambaleou de lado, sim, estava muito velha. Pronto, o silêncio voltou. Não tinha mais barulho de porta, nem vizinha e nem boa noite. 

Ela deu um passo pra frente e ele deu um passo pra trás. Ela esticou as mãos, ele colocou as mãos no bolso. Ela tentou abrir a boca, ele tapou os ouvidos. Ela chorou, ele olhou para baixo. Ela ofereceu um cigarro, ele rejeitou. Ela tentou beijá-lo, ele se afastou. E, quando ela decidiu falar, ele fechou a porta. 

Ela podia bater na porta dele quantas vezes fosse preciso, o vazio era apenas dela. Ele, estava completo. Não ia adiantar ela implorar amor dele, eles não nasceram para serem um do outro. E quando uma pessoa não nasce pra ser nada do outro, nem adianta tentar, simplesmente não acaba dando certo. O amor é mesmo uma droga.

3 comentários:

  1. Que cena forte.
    Doeu até em mim.
    Tem uma coisa que nunca fiz e nunca farei ( eu tenho certeza) é correr atras de alguem.

    Orgulho "mode on"

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  2. O nosso vazio interior só conseguimos preencher com o amor próprio.

    Belo devaneio.

    Beijo

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  3. amo ler essas coisas que deixam com vontade de quero mais. esses dramas que prendem e que tem muito da realidade! CADÊ SEU LIVRO MESMO?

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