quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Destino.

O único som que predomina é o barulho do vento batendo na minha janela. Estou deitada no sofá sentindo a falta dele, coloco minhas mãos na única coisa que restou nossa: Lily, nossa pequena cachorrinha. Tenho a sensação de que o mundo de repente vai acabar e toda essa angústia que carrego no peito vai desaparecer. E realmente peço por isso.É muito ruim você ter que continuar convivendo nesse meio social, aturando pessoas que só se importam em ganhar dinheiro e estão fechadas dentro do seu próprio mundinho. Mas eu também era assim: festas, baladas, bebidas com o maior nível de álcool, homens de pouca inteligência e corpos malhados. Gostei disso tudo até te conhecer. 

Te conhecer foi a experiência mais linda da minha vida. Nos conhecíamos do passado, se brincar até de outras vidas, mas nos reconhecemos no primeiro instante. Marcamos um cinema e um jantar, mas não deu certo. Acabei perdendo a hora. E você nem pareceu ficar constrangido sentado no sofá do cinema esperando a princesa que não apareceu. Remarcamos. Decidimos ir caminhar na orla, olhar as estrelas e conversar sobre a rotina. Você ficou preso no trânsito e me deixou sentada na areia do mar. O destino não queria a gente. Não tive sua paciência, fui embora. Conhecei outros homens, voltei para vida de balada. Você ligou quase todos os dias, mas eu tinha desistido de nós. Era muito azar, o destino não queria isso. Marcamos duas vezes e deu errado, continuar acreditando não servia de nada.

Alguma coisa dentro de você insistia na gente. Nos encontramos na fila do teatro. Você estava sozinho e eu também. Sorrimos. Você perguntou se eu ficaria incomodada com a sua presença, eu disse que não. E pela primeira vez na vida o destino nos uniu. Compramos a cadeira um ao lado do outro. Saímos de mãos dadas da peça e fomos jantar. O beijo surgiu e eu acreditei que existia amor. Até aquele momento não acreditei que houvesse um sentimento tão forte capaz de unir duas pessoas. Achei baboseira. Quem ama tem sérios problemas mentais. Criei minha própria teoria. Estive errada por tanto tempo e pela primeira vez encontrei aquela outra metade que me faltava. Encontrei vida, esperança, felicidade.

Um dia você partiu. Disse que encontrou outra pessoa. Fiquei desnorteada e tentei voltar para vida que levava. Não deu. Era tudo muito forçado, as pessoas saíam para se distrair e encontravam decepções. Meu mundo não era aquele. Meu mundo era ao seu lado e eu não conseguia compreender o que tinha acontecido com o nosso amor. Cadê o destino? Entrei em estado de depressão. Cheirei o lençol por muito tempo e até o seu sabonete estava guardado na gaveta. Não acostumei com a sua ausência. Só me restou Lily. Ela foi a minha companheira e de vez em quando sentava ao meu lado quando as lágrimas molhavam meu rosto. Não consigo entender o que houve com a gente, mas aprendi a aceitar. Aceitar que nem tudo é como a gente sonha, como a gente quer. Aceitar que o destino pode unir duas pessoas sim, mas se essa pessoa não for pra ser sua, ela não será. Convivo com essa eterna saudade que me sobrou, mas o destino é esse e quem sou eu para mudar?

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Dear Camilla..

Queria o poder de transformar a sua vida. Queria ter o poder de apagar seu passado ruim e limpar a sua mente deixando apenas os bons momentos. Gostaria de cuidar das feridas do seu coração e deixá-lo novo para um novo amor. Gostaria de te presentear com as rosas mais lindas do mundo e realizar todos os seus sonhos. Gostaria de limpar todas as suas lágrimas que já foram derramadas e substituí-las por um belo sorriso. Mas eu não posso, não sou capaz. 

Um dia um sábio me apresentou uma amiga. 15 anos, virginiana, com cara fechada de tão séria e com aquele medo de viver. A primeira impressão foi péssima. O que aquela menina tinha de parecido comigo? éramos diferentes. Mas não. Éramos parecidas, parecidas de uma maneira até engraçada. Pensávamos da mesma maneira, gostávamos dos mesmos filmes, das mesmas músicas, dos mesmos livros. Era como se aquele sábio tivesse colocado na minha vida um espelho meu, só que mais alta e mais clara. O tempo foi passando e fomos aprendendo a conviver com as nossas pequenas diferenças, confesso que no início foi complicado dizer tudo que eu sentia, tinha medo dos seus conselhos. Você parecia tão mais forte, tão bem mais resolvida, tão bem mais vivida e eu não passava de uma pré-adolescente boba. O bom foi que o tempo passou. Um, dois, três, quatro anos e acabei perdendo a conta do tempo que nos conhecemos. Acabei perdendo as contas de quantas festas de finais de ano passamos juntas, acabei perdendo as contas da quantidade de vezes que chorei na sua frente e você me olhou apenas com aquele olhar de quem não podia fazer nada, acabei perdendo as contas da quantidade de vezes que você chorou e eu fui tentar te consolar, acabei perdendo as contas de quantos filmes assistimos juntas e choramos, ficamos depressivas. O tempo passou como um flash e eu acabei acostumando tanto com a sua presença, com a sua companhia que me tornei dependente de você.

O sábio que era Deus me apresentou uma amiga de verdade. Uma amiga que me ensinou a fazer cartas do dia da amizade e uma amiga que me ensinou a ter consideração. Essa amiga que chegou e invadiu a minha vida, essa amiga que gritava comigo de vez em quando e que me fazia parar para pensar sobre a vida. Foi contigo que aprendi a subir em cima do telhado só para olhar as estrelas, foi contigo que aprendi a baixar séries dramáticas e morrer de amores por personagens, foi contigo que aprendi a não acreditar em todo mundo e a viver com mais intensidade. Pode parecer que não, mas a sua amizade contribuiu muito para o meu crescimento. Hoje em dia não consigo mais acreditar que há amizades verdadeiras como a nossa, as pessoas estão interessadas em saber o que o outro tem para oferecer e com a gente não foi assim. Sempre estive preocupada com o seu futuro, com a sua felicidade, com o seu bem. Doía bastante te olhar e saber que havia tristeza dentro daqueles olhos, doía bastante saber que alguém tinha te magoado. E ainda dói. 

O tempo que passou rápido também foi cruel. É esse mesmo tempo que vai me manter longe de você por não sei quanto tempo. E agora? Quando penso na possibilidade de estarmos separadas é quando percebo que meu coração está sendo levado também. O que vou fazer? Juro que choro, mas quando penso que é para sua felicidade me sinto bem. É uma sensação de alívio e eu estarei aqui rezando para que tudo acabe bem. Pode ser que eu não vá embora, pode ser que você volte. Eu não consigo mais compreender o que a vida quer para gente, mas eu sei que tudo vai acabar bem. E é por isso que hoje você merece um texto meu. Você merece ser um dos meus textos, apenas pela simplicidade que há em nossa amizade. Sem brigas, sem inveja. O que nós construímos foi um laço enorme. Foi cumplicidade, confiança, simplicidade. E eu sou grata  porque aquele sábio acertou em cheio, ele te apresentou na hora certa da minha vida.

E aquela menina que hoje completa 23 anos e possui um dos signos mais complicados do zodíaco me mostrou que por trás daquela cara séria há um coração enorme. Um coração capaz de perdoar, de amar e é por isso que te desejo toda felicidade do mundo. Te desejo muito amor para que você possa amar sem ganhar nada em troca, te desejo sorrisos para que a felicidade chegue rápido, te desejo paciência para aguentar as pessoas diferentes de ti, te desejo inteligência para que o sucesso chegue até você e te desejo fé para que você nunca desanime nessa caminhada chamada vida. 

Feliz aniversário, eu realmente amo muito você.

Esse texto foi feito para minha amiga Camilla. Se não for a melhor, não sei o que é.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Amor de cinema.

Andei notando os casais que vão ao cinema. Existe gente de todo tipo, de todo jeito. Casais bonitos e que causam uma inveja enorme, casais que estão em fase inicial de namoro, casais antigos que já nem se olham com tanta frequência. Há também aquelas rodas de amigos que soltam gargalhadas exageradas antes de começar o filme. E há também os solitários. Sou desse mundo, pertenço ao mundo da solidão. Estou sentada esperando o horário para a sessão do filme começar, nesse pequeno intervalo de tempo as pessoas vão chegando e ficando em fila, a moça do caixa avisa que o caixa está livre, o cheiro de pipoca ganha espaço bem no meio de nossas narinas e o barulho existente no ambiente já me deixa impaciente. 18:50 e o filme vai começar. As pessoas vão entrando na sala de cinema e escolhendo seus lugares. Escolho o lugar mais escondido do lado esquerdo, um lugar onde posso encostar minha cabeça na parede e colocar meus pés na cadeira da frente.

Não quero que as pessoas notem o vazio da cadeira ao meu lado e por isso coloco minha bolsa apenas para ocupar espaço. Não quero que os casais notem que não há um cara para encostar minha cabeça durante o filme ou até mesmo fazer comentários sobre o personagem. Não quero ser motivo para que os outros sintam pena de mim. Estou na minha solidão. Vivendo o meu momento. É lógico que sinto a falta de alguém bem alí ao meu lado. Sinto falta de ter aquele corpo masculino me passando segurança quando as luzes se apagam. Fica aquele vazio e quem me acompanha nessa sessão é a minha bolsa. Até pego nela para ter a sensação que estou tocando em algo. É ridículo, mas essa sou eu.

Sei que não há muita compreensão, entendo perfeitamente todas as pessoas que me acham uma louca sofrida e apaixonada. Mas essa sou eu: intensa, dramática, apaixonada. O que pode ser uma coisa boba para você é algo lindo para mim. Observo os casais que vão ao cinema com tanta tristeza que nem cabe dentro do meu coração e sinto uma pontinha de inveja lá dentro. É errado pensar que aquela ida ao cinema poderia ter sido comigo? Acho que não vamos para o inferno por pensamentos assim. Aí você diz: é apenas um cinema. Eu retruco: não é apenas um cinema, é amor de cinema.


terça-feira, 21 de agosto de 2012

Eu e a saudade.

Ainda tenho guardado o dia em que nos conhecemos. Estava lá você todo tímido e tentando se chegar em mim de qualquer maneira, percebi que a sua maior preocupação era causar uma boa impressão. Você chegou quase de mansinho e tentou me beijar de primeira, eu fiquei assustada e te olhei com aquela cara de quem ia te bater. Mas aí você sorriu e consigo lembrar que a minha feição mudou, brotou um sorriso no meu rosto e eu soube que daríamos certo. Te conhecer naquela noite foi quase que uma mudança na minha vida, tive a sensação de conhecer o príncipe mais lindo e perfeito do mundo, e mesmo sem saber nada sobre você, o meu coração disparou.

Nos conhecemos, trocamos informações pessoais e aos poucos fui entrando de "cabeça" naquele novo cara que apareceu na minha vida. Quebrei a cara, meu coração foi despedaçado e eu prometi que nunca mais me envolveria com alguém assim. Mas essa vida é tão sacana que deixou você aparecer pela segunda vez e eu já estava acreditando que o destino estava ao nosso lado. Você despertou em mim sensações únicas, me faz ficar horas do dia pensativa e me fez desejar olhar o seu rosto quase sempre. Ficar contigo era como um flash, tudo passava rápido demais e a sua ausência era a única coisa que restava. 

Acreditei fielmente nas suas palavras, acreditei nos beijos com gosto de saudade, acreditei no cuidado que você demonstrou ter comigo. Lembro de cada detalhe, cada abraço apertado, cada momento que tivemos, lembro das vezes que você parava apenas para me olhar e eu odiava aquele silêncio. Mas tudo entre nós foi puro, foi lindo, foi inesquecível. E pela segunda vez você despedaçou meu coração e dessa vez levou junto até a minha esperança, levou os meus sonhos e os meus desejos. Sinto que você acabou comigo de uma maneira tão cruel que já nem consigo juntar os pedaços. E o pior de tudo é que deixou saudades. Deixou uma saudade tão grande que já nem consigo olhar uma foto sua ou até saber notícias da sua vida. Dói.

E eu sinto sua falta. Sinto mesmo e tento apagar todas as lembranças da gente. Apagar seu perfume, sua camisa preta gola V, seu cabelo tão cheiroso, apagar seu abraço, apagar todas as vezes que te desejei. Tento esquecer o que você me causou e é ainda é tão complicado. E deve ser por isso que ando cada vez mais sem esperança, sem rumo, sem saber onde essa vida vai me deixar. E talvez eu até encontre um novo amor por aí, mas tenho medo. Acho que não quero mais ninguém, principalmente depois que te conheci.


sábado, 11 de agosto de 2012

O dom de ser pai.

Seus olhos estavam abertos. Quis chorar. Levei um tempo para acostumar com a nova ideia de ser pai. Ser pai! Mas eu não entendo nada sobre isso, nunca pesquisei como ser pai, nunca encontrei no google ou em qualquer livro como ensina a educar os filhos. Ajudar na hora do banho, trocar fraldas, dormir pouco, comprar leite, aguentar a bipolaridade da sua mãe. Não, eu não entendo nada sobre isso. Mas quando vi seus pequenos olhos abertos sabia que meu amor estava depositado em você, foi naquele momento que tive a certeza mais linda da minha vida: eu queria ser pai. 

Quando conheci seu primeiro sorriso, chorei. Quando te vi andar pela primeira vez, chorei. Quando te ouvir dizer a primeira palavrinha, chorei. Filmei cada momento seu, cada palavra sua, cada choro. Guardei para mim todos aqueles momentos e fui colocando ele em você aos poucos. E você nem entendia, as vezes me olhava com cara de quem não estava entendendo o que um homem tão velho fazia alí chorando. Meu filho, você nunca vai entender a grana que juntei para pagar sua faculdade, nunca vai entender porque tantas vezes briguei e não te deixei sair, não vai entender porque passei horas e horas sem dormir só para te ouvir respirar, você nunca vai compreender a felicidade que eu tive quando te vi jogar bola pela primeira vez. E sabe o mais interessante? Você nunca vai compreender até se tornar um pai.

Sei que pareço ser duro e afastado. Sei que pareço não me importar muito com as coisas, eu realmente entendo a sua cabeça. Sua mãe é tão bem mais prestativa, cuidadosa, amorosa. Ela é tudo que eu não sou e talvez seja por isso que nos damos bem. Mãe é mãe, nunca vou entender o amor que sua mãe sente por ti e ela sabe demonstrar isso muito bem. Eu tenho meu jeito rude de ser e não gosto que as pessoas me vejam chorando. Eu sou de chorar, mas só chorei nos momentos mais importantes que tive. Sabe quais foram esses momentos? os que tive com você.

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Esse texto vai em especial para aqueles que já não tem um pai presente.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Amor de uma noite

Raquel deixou o apartamento de uma maneira desesperada. Gostaria de entender o que se passava com ela naquele momento em que me abandonou. Eu havia até preparado café da manhã e ia surpreendê-la na cama, mas Raquel me deixou. Pela primeira vez na vida achei que tinha encontrado minha alma gêmea. Nós nos conhecemos da maneira errada. Nos conhecemos diretamente na cama e nem trocamos informações pessoais, eu nem mesmo sabia o nome daquela menina de olhos verdes. Sei que ela me encantou. Me encantou de uma forma tão intensa que acordo todas as manhãs olhando pela janela para tentar encontrá-la por aí. Tivemos amor de uma noite. Tínhamos tudo para darmos certo: alvoroço, intimidade, desejo, cheiro no cangote e beijo com mordidas. O que faltava? 

Raquel era do tipo de mulher engraçada. Falava gesticulando e alto, conversava rápido e quase não dava para acompanhar suas palavras tão estranhas. Eu gostava de ouvir o som da voz dela e até gargalhava bem alto quando ela dizia que nunca havia conhecido um cara que gostasse tanto de conversar. Nos encontramos naquele momento, embaixo dos lençóis nos tornamos um. Ficamos por horas conversando sem parar e eu gostava de alisar seu rosto, gostava de decalcar seu rosto no escuro e tentar imaginar aquele sorriso me acordando pela manhã. Mas não deu. Ela fugiu antes mesmo de amanhecer e me deixou dormindo na cama feito um bobo. Um bobo! Ainda tive a capacidade de cobri-la com medo que pegasse um resfriado ou algo do tipo. Cuidei da minha doce Raquel.

Acho que deve ser assim quando a gente brinca com os sentimentos das mulheres. Deve ser essa sensação de desprezo que elas sentem quando não encontram o homem na cama, no corpo, no abraço. Já havia me envolvido com várias mulheres, achei que havia conhecido todos os formatos do corpo de cada uma delas. Mas fiquei enganado. Uma, apenas uma ganhou meu coração em apenas uma noite. Me deixou pensando no futuro e nos filhos que pretendo ter, me deixou pensando no buquê de flores que compraria no dia seguinte e me deixou preocupado com a saúde física dela. O amor me pegou alí no meio da cama, embaixo dos lençóis e com cheiro de corpo. Foi amor de uma noite.