quarta-feira, 26 de março de 2014

Meus dez amores

(Você pode ler este texto ouvindo The Candlepark Stars https://www.youtube.com/watch?v=71M1sgcyU0c)
 
Tive dez amores que ninguém desconfia. Tive amores de verão, de carnaval, na fila do banco, na sala de aula e até amores de farra. Tive amores que vieram e passaram rapidamente, outros, voaram. Tive amor por cantor de banda de rock, amores que lembraram ex-amores. Ninguém desconfia de nada, mas eu tive. E sabe, mesmo passando pouco tempo, deu pra sentir. Deu pra sentir quem valia à pena e quem não queria nada com nada. O problema é que eu sempre queria algo. Sinto-me um pouco Joel no filme brilho eterno de uma mente sem lembranças, ele disse que se sentia atraído por qualquer pessoa que desse um mínimo de atenção. Estive percebendo que talvez eu até seja assim. Talvez eu fique atraída por qualquer pessoa que me dê um pouco de atenção. Deve ser por isso que tive dez amores.

Mas, pude compreender que meus dez amores, foram, na verdade, desamores. Desamar é quando alguém deixa de amar e eu deixei de amá-los. Na verdade, foi apenas uma paixão, mas não deixou de ser amor. Sabe como sei? com todos eles pude sentir as mesmas sensações. É óbvio que foram sensações diferentes, pois cada pessoa é diferente, mas o frio na barriga e as mãos trêmulas estavam sempre comigo. Às vezes, me dava uma dor no coração e eu queria enfiar minha cabeça dentro de um buraco, me chamei de burra muitas vezes, dei pequenos socos na minha cara só pra saber se eu criava vergonha nela. Nada adiantou. Não deixei de gostar, não deixei de querer e ir atrás, mas tem uma hora que vira desamor. 

Meus dez amores me ensinaram coisas preciosas. Com cada um deles pude experimentar como é ser deixada de lado, não ser bem tratada, rastejar por alguém, fazer coisas que até Deus duvida. Tudo isso em troca de quê? De ser de alguém? E eu me pergunto como o ser humano tem a capacidade de se humilhar aos pés de outra pessoa, de pedir amor. Já dizia uma frase que escutei e gravei: "O amor é um sentimento nobre demais para ser mendigado." Não, não peça amor, ninguém compra amor, amor não se pede. Amor acontece do nada e independente da estação, da comemoração ou da fase da sua vida, quando ele tem que chegar, ele chega. E aí, você vai perceber que os seus dez amores foram pequenas paixões e que amor de verdade dura.

domingo, 23 de março de 2014

O que fazer quando a solidão chega?

A beleza realmente está nos olhos de quem vê. Ultimamente tenho tentado enxergar tudo de uma maneira boa, positiva. Mas, eu ando me entregando demais. Olha, a pior coisa que existe na vida é quando você se doa cem por cento pra algo e se acontece algo ruim, você acaba desanimando. O mais engraçado é que meu psicólogo disse que eu era uma pessoa que me doava cem por cento e que as chances de se decepcionar eram enormes. É que tento me doar de cabeça, mas gosto que as coisas terminem bem. Talvez, seja por isso que eu não tenha um alguém. Eu acabo me doando demais, gostando demais, querendo demais e a outra pessoa, talvez, nem seja assim. Tenho tentado colocar meus olhos focados na minha vida profissional, nos meus estudos, mas não aguento críticas negativas, não suporto errar, mas eu sei que é necessário que a gente erre.

Mesmo tentando manter minha cabeça longe de relacionamentos, sempre surge algo pra me fazer lembrar quão sozinha eu sou. Sou uma pessoa solitária, cheia de dúvidas e tentando esperar que meu tempo chegue. O tempo de encontrar alguém, de amar, de ser feliz. Não sou uma pessoa triste, mas não sou completa. Mas, tenho percebido que estou carregando muitos problemas em cima dos meus ombros, eles estão pesados e eu estou precisando descansar. Descansar os ombros, sabe? São diversos problemas. Como se não bastasse os meus problemas, os outros ainda depositam os deles em mim. E eu não sou uma pessoa que deixa pra lá, me envolvo muito com a vida do próximo, acho importante ter essa reciprocidade, mas de vez em quando, acabo deixando com que os problemas dos outros afetem a minha vida. 

Olha, é importante escolher o melhor ângulo pra enxergar a vida. É necessário que o ser humano encontre beleza em todos os lugares. É necessário que a gente sinta em como é bom o vento do fim de tarde, o sol quente do meio dia, o frio da madrugada. É necessário que a gente admire o sorriso do outro, estenda a mão quando alguém precisar e pare de ser tão egoísta. A gente precisa se doar sempre, ter um coração limpo e generoso. Tenho tentado ser sempre uma pessoa melhor, uma pessoa que todos gostem, mas de vez em quando dói viver. Mas, quando a dor vier, a gente precisa jogá-la pra cima e relembrar os momentos mais felizes. Tenho olhando minha vida por este ângulo, mas quando a solidão chega, o que a gente faz?

quarta-feira, 19 de março de 2014

Caro Pedro,

Tenho me sentido um pouco madura. É como se todo o meu corpo tivesse envelhecido vinte anos nos últimos meses, deve ser por isso que já sinto a presença de cabelos brancos. A verdade é que minha cabeça anda bastante preocupada com o futuro e com a vida que é sempre tão inconstante, hoje você tá bem e amanhã? Como será que estarei? E se tudo desmoronar, o que eu faço? Eu sei que preciso ter fé e acreditar que coisas boas virão. Mas, e se acontecer?

Uma amiga da minha tia descobriu um tumor no cérebro e foi assim, do nada. Ela estava bem, tomava a cervejinha de sempre, trabalhava, tem até filhos e quando viu, acabou. A vida revirou, ela não sabe o que acontecerá amanhã, fica naquela dúvida: 'Será que hoje é meu último dia?'. E eu fico pensando em como deve ser terrível ficar pensando assim, ficar numa dúvida cruel, a dúvida de saber se amanhã você estará vivo ou não. O que você faria se hoje fosse seu último dia de vida?

Ela faz bolos, Pedro. Ela não tem um grande amor. Entende a minha preocupação com o amanhã? Quem vai segurar a minha mão quando eu precisar? ao menos ela tem filhos. Por este motivo, tenho envelhecido, é a preocupação um tanto que exagerada sobre a interrogação que há no meu futuro. Bate um medo! Um desespero! Mas, quando acordo pela manhã e sinto o sol queimar, ouço música, me vejo no espelho e sinto meu sorriso, me sinto viva. E sentir-se viva é muito bom, quando lembro do aconchego da minha mãe e do abraço dos meus amigos, sinto-me bem. Muitas vezes, respiro fundo e fecho os olhos, há uma fé dentro de mim que grita.

A gente tem que se apegar às pequenas coisas, às situações mais simples. A gente precisa se agarrar no que nos faz bem. A vida é injusta, de vez em quando, ela dói. Eu não acho justo uma pessoa que faz bolos ter de passar por tantos momentos ruins, momentos finais, mas talvez, a gente precise do sofrimento do outro para perceber que a gente precisa viver. Você tem vivido?


segunda-feira, 17 de março de 2014

Amor que dói

Doeu tanto que pensei que não fosse suportar. Doeu tanto que acabei sentindo cada pedaço meu se partindo e caindo no chão. Doeu tanto que prometi não amar mais ninguém. Doeu tanto que fiquei caída no banheiro chorando e tentando fazer ligações em plena madrugada. Doeu tanto que passei dois dias chorando. Doeu tanto que tentei fugir, fazer as malas e partir. Doeu tanto que não consigo ser a mesma pessoa. Doeu tanto que só quero estar em paz comigo. Doeu tanto que minha visão fechou e já não consigo enxergar alguém. Doeu e ainda dói.

Quando nós passamos por uma situação de falta de amor, nós nos arrependemos de termos vivido tudo aquilo. A gente tem vontade de lavar a nossa boca centenas de vezes que é pra limpar o gosto do beijo, a gente tem vontade de correr sem rumo, a gente tem vontade de arrancar o coração e jogá-lo contra parede. Ser rejeitado por alguém não é fácil, cria sequelas dentro da gente e de repente, tudo parece mais cinza. Eu não julgo quem diz que não quer mais amar. Sei que não adianta, de vez em quando, surge uma pessoa e aí tudo vai desmoronando. Ficamos mais cuidadosos, sentimos medo de demonstrar demais, mas também sentimos medo de demonstrar pouco, temos cuidado com as palavras que querem sair da nossa boca e mesmo que o coração grite por socorro, a gente faz com que ele cale a boca.

Só quem sofreu por amor sabe do que estou falando. Todos nós já passamos por esse tipo de dor. Ser trocada por outra, não ganhar o carinho necessário, ter o amor esfriando feito café quando se coloca água nele, todo mundo já passou por algo assim. E eu entendo quem acaba se cansando de procurar ou de esperar que apareça alguém, eu entendo quem tranca o coração e fica dura por dentro. Eu entendo porque estou assim.

terça-feira, 11 de março de 2014

Tem gente que não nasceu pro amor.

(Você pode ler este texto ouvindo Passenger http://migre.me/ih9p1)

Esqueceram de me falar que o amor não é cem por cento bom. Esqueceram de me alertar que de vez em quando a gente gosta mais do outro e esquece um pouco da gente. Esqueceram de me alertar que nem todo mundo gosta da gente e que dói ser deixado de lado. Esqueceram de me falar que hoje beija, mas que amanhã nem se olha na cara. Esqueceram de me dizer tantas coisas que acabo me perdendo nos meus próprios esquecimentos. Ah, agora você quer que eu aprenda com a vida? Você quer que eu sofra? Não entendo por qual motivo não fui orientada desde pequena. Ninguém teve coragem de me dizer que tem gente que não nasce pro amor e que eu sou uma delas.

Sabe fulano, não sei seu nome e isso não me importa, você foi um tremendo de um panaca. Como é que alguém pode gostar tanto ao ponto de doer, de machucar, de chorar rios de lágrimas? E sabe qual é a pior parte? é a saudade que fica. Saudade que me detona e me quebra aos poucos. É fulano, saudade de tudo, até das tardes que eu e Artur passamos deitados na rede da casa da vovó. Uma rede velha que nos acolhia, deixava nossos corpos mais juntos e unidos. Eu ficava um pouco espremida, mas é bom ficar espremida de amor, o cheiro do suor dele, os toques, o beijo, tudo me fascinava e eu queria ficar naquele rede para sempre. Mas, esqueceram de me avisar que a rede também envelhece e tem uma hora que não aguenta, ela rasga e precisa ser jogada no lixo. Sim, foi bem assim que aconteceu comigo e com Artur. A nossa rede pocou, sabe? E o amor foi pro lixo.

Era um amor tão belo, mas tinha que acabar? Bom, já dizia minha avó que quando algo não é pra ser nosso, ele não dura, ele se vai. O nosso amor se foi e ficou somente eu. Ficou eu. Pálida, com as orelhas grandes, cabelos pretos e um sorriso de lado. Comecei a sorrir de lado depois que as coisas não deram certo, tenho medo de qualquer pessoa olhar pra mim e eu sorrir verdadeiramente, mostrar meus lindos dentes brancos. É que o outro pode achar que estou me entregando demais, sabe fulano? e eu não quero parecer uma pessoa desesperada, quero me trancar e tentar estudar o que acontece com os outros que eles não conseguem ser de uma só pessoa. É, tem gente que não nasceu pro amor e eu sou uma delas.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Tá tudo bem.

(Você pode ler este texto ao som de Coldplay)

Preciso de abrigo que ninguém dá, mas tudo bem. Preciso de um sorriso que ninguém dá, mas tudo bem. Preciso de um beijo que ninguém dá, mas tudo bem. Preciso de um abraço que ninguém dá, mas tudo bem. E sim, vai ficando tudo bem. Vai ficando tudo bem porque precisa ficar bem, não quero desespero, não quero tristeza e nem solidão. Mas eu sou solitária e um tanto triste. Ninguém percebe, mas tudo bem. Ninguém percebe que meu coração aperta ao analisar casais apaixonados na tevê, ninguém percebe que meu desejo por neve é tão grande que sinto frio quando vejo uma foto, ninguém percebe que eu choro caída no chão do banheiro quando a dor é grande, mas tudo bem. 

Tudo bem que ninguém tenha me encontrado ainda, tudo bem que ninguém tenha me levado ao cinema ou que tenha ao menos pago uma casquinha de sorvete pra mim. Tudo bem que eu não tenha alguém que cante pra mim e que me faça poemas. Tudo bem que ninguém tenha me enxergado da forma que eu realmente sou. Tudo bem. É que a gente tem que dizer que tá tudo bem pro coração e focar em outras coisas, mas a gente se fecha e acostuma. Acostuma a não ter carinho, a não ter mais vontades e desejos. 

Tudo bem que você ainda não chegou e que eu tenho andado distraída. Nas minhas próprias confusões imagino romances e crio pessoas dentro da minha cabeça. São pessoas que eu posso contar e que nunca vão me deixar. A realidade tem me cansado e o que custa imaginar? tá tudo bem. É bom imaginar o que não se tem, mas é ruim quando abrimos os olhos e percebemos que não temos ninguém, pior ainda é quando você sabe que nem todo mundo merece o seu amor. Mas tá tudo bem e vai ficar tudo bem.