quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Dente de leite e um grande aprendizado


Quando eu era criança tinha agonia dos dentes que iam amolecendo dentro da minha boca. Quando eu ia percebendo que o dente de leite estava querendo ir embora, tentava deixá-lo o maior tempo que eu podia, pois perder ele me deixava feia e até causava dor. Mas, ele precisava cair e num determinado dia, ele se foi. Não há nada que eu pudesse fazer para mantê-lo comigo, há coisas que precisam partir da nossa vida.

Era preciso um tempo para que outro viesse desta vez, mais firme e permanente. O que um dente de leite pode nos ensinar? Cá entre nós, tenho pensado muito em lhes contar que nas pequenas coisas aprendemos um montão e irei te falar o que podemos aprender com um dente. Às vezes, entramos em um relacionamento e nos doamos para aquela pessoa, de vez em quando, nos doamos até demais. Esquecemos-nos de nós mesmos, de quem somos e passamos a ser o que o outro deseja. Em uma relação, há muitos desafios: a mudança, os defeitos do outro, a confiança, a expectativa. E erramos quando depositamos na outra pessoa toda a nossa expectativa a fim de que ela preencha algo em nós. Ninguém preenche o coração de ninguém, nós precisamos estar preenchidos do nosso próprio amor.

E quando o relacionamento acaba, a vida se vai. Fica o vazio, a vontade de desaparecer, o desespero de não saber o que fazer com a falta do alguém. Mas, lembra-se da história do dente de leite? É bem assim. De vez em quando, uma pessoa precisa sair da nossa vida para que outra entre, e talvez, esta pessoa que nos deixou não seja aquela que estava escrita nas estrelas. Ela pode ter contribuído para muitas coisas, vocês podem ter vivido momentos incríveis juntos e podem ter passado anos um ao lado do outro, mas não era pra ser. E o dente de leite mostra que ele precisou ir embora para que outro aparecesse. Assim pode ser na nossa vida, é preciso sossegar e esperar o tempo para que outra pessoa apareça. E dessa vez, vai ser alguém firme e permanente.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Sobre sonhos e o desejo de realizar cada um deles

Para Pedro Araújo
Leia a décima carta: http://zip.net/bnp6wV

De todas as suas cartas enviadas para mim, a décima foi a que mais me tocou. Pedro, como podemos ser tão iguais? Às vezes, me assusto com isso! Você está sentindo exatamente o que tenho sentido ao longo dos últimos dias. Não sei mais quem sou. Diante de tantas tribulações que tenho passado, de tanta pressa e correria, tenho me perdido. Já não me sinto a mesma pessoa de antes, me sinto mais velha, mais segura, mais chata. Tem dias que me perco e fico pensando se me tornei uma pessoa difícil de conviver, tenho a sensação de que piorei. 

Nos últimos dias, estive pensando em algumas coisas. Pensei no poder do sorriso, no quão maravilhoso é a gente fazer algo que realmente gosta, algo que a gente sente prazer, como é bom estarmos em uma companhia agradável! Fiquei pensando em quantos fins de tarde ainda quero ter ao lado de bons amigos, em quantos lugares ainda desejo conhecer e em quantos filmes ainda tenho para assistir. Pedro, ultimamente tenho me tornado uma máquina, nunca mais tive uma boa conversa sobre filmes e livros. Virei uma pessoa que acorda, segue a rotina daquele dia e no fim da noite, não tem tempo nem pra sentar e fazer o que gosta. Meu corpo pede cama, minha mente pede calma, meu coração descansa. Nos finais de semana, não estou tendo tempo de fazer ainda algo que eu goste, isso me deixa totalmente cansada.

Mas, em oito meses de terapia aprendi coisas que vou levar pra vida inteira. Não pensa muito, nós podemos surtar quando pensamos em tudo que desejamos. Mas, não deixe de sonhar. Sonhar é necessário para que cresçamos e nossos desejos sejam realizados, nós vivemos para realizar sonhos. Carregue consigo dentro de si a certeza de que a sua vida passa rapidamente, mas tenha algumas pausas no dia para respirar e fazer algo que te faça sorrir. Abandone o barco do passado e siga sempre em frente, o seu controle só depende de você. E não Pedro, não estamos chatos, estamos velhos, estamos maduros, somos independentes. Não se pode ser o mesmo do passado, o passado foi ontem e nunca voltaremos a ser quem fomos. Foque no dia de hoje e na pessoa que você pode se tornar. Quais são os seus sonhos? Pense neles e não abandone a sua vontade de correr atrás.

Ps: Feliz aniversário! Se eu pudesse arrancar estrelas para você, eu arrancaria.