quarta-feira, 19 de março de 2014

Caro Pedro,

Tenho me sentido um pouco madura. É como se todo o meu corpo tivesse envelhecido vinte anos nos últimos meses, deve ser por isso que já sinto a presença de cabelos brancos. A verdade é que minha cabeça anda bastante preocupada com o futuro e com a vida que é sempre tão inconstante, hoje você tá bem e amanhã? Como será que estarei? E se tudo desmoronar, o que eu faço? Eu sei que preciso ter fé e acreditar que coisas boas virão. Mas, e se acontecer?

Uma amiga da minha tia descobriu um tumor no cérebro e foi assim, do nada. Ela estava bem, tomava a cervejinha de sempre, trabalhava, tem até filhos e quando viu, acabou. A vida revirou, ela não sabe o que acontecerá amanhã, fica naquela dúvida: 'Será que hoje é meu último dia?'. E eu fico pensando em como deve ser terrível ficar pensando assim, ficar numa dúvida cruel, a dúvida de saber se amanhã você estará vivo ou não. O que você faria se hoje fosse seu último dia de vida?

Ela faz bolos, Pedro. Ela não tem um grande amor. Entende a minha preocupação com o amanhã? Quem vai segurar a minha mão quando eu precisar? ao menos ela tem filhos. Por este motivo, tenho envelhecido, é a preocupação um tanto que exagerada sobre a interrogação que há no meu futuro. Bate um medo! Um desespero! Mas, quando acordo pela manhã e sinto o sol queimar, ouço música, me vejo no espelho e sinto meu sorriso, me sinto viva. E sentir-se viva é muito bom, quando lembro do aconchego da minha mãe e do abraço dos meus amigos, sinto-me bem. Muitas vezes, respiro fundo e fecho os olhos, há uma fé dentro de mim que grita.

A gente tem que se apegar às pequenas coisas, às situações mais simples. A gente precisa se agarrar no que nos faz bem. A vida é injusta, de vez em quando, ela dói. Eu não acho justo uma pessoa que faz bolos ter de passar por tantos momentos ruins, momentos finais, mas talvez, a gente precise do sofrimento do outro para perceber que a gente precisa viver. Você tem vivido?


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