segunda-feira, 8 de abril de 2013

"Curtição".

Tinha dez anos quando a minha amiga perguntou se eu gostava de alguém. Eu não sabia o que significava gostar de alguém. Eu nunca tinha parado para pensar sobre aquela pergunta. Eu tinha dez anos, poxa! O que eu podia entender sobre sentimentos? Mas logo que surgiu essa pergunta fui procurando alguém para gostar já que era moda namorar, ficar, beijar. Achei que para gostar de alguém eu precisava apontar e decidir que o meu amor estaria sendo exclusivamente para ele. E foi assim que comecei a gostar do primeiro cara. Eu não entendia nada sobre relacionamentos, sobre beijo de língua e sobre mãos dadas. Sentia um medo enorme, sentia medo de não ser boa o suficiente, de não fazer tudo certinho, de não saber o que conversar. Pensei que se colocasse um batom, uma roupa mais justa no corpo, um perfume doce ou qualquer outra coisa, o cara se apaixonaria por mim com mais agilidade. Com o passar do tempo fui percebendo que não adiantava. Nada estava funcionando. Ele não gostava de mim, estava apenas "curtindo" o nosso momento. "Curtindo" o que isso realmente significa?

Não dei certo com o primeiro carinha, é óbvio. Ele nunca soube reconhecer quão especial eu era, não soube achar a minha beleza interior, ele não se preocupava com os meus sonhos e com o meu futuro. E foi assim que percebi que não sou mulher para ser curtida. Eu não quero ser a curtição de alguém. Vejamos bem, chegamos à um nível onde as pessoas estão sendo totalmente descartáveis, estão sendo usadas e jogadas fora. Estamos servindo para taparmos a ferida aberta do coração do outro, para ser passatempo de alguém, para ser "curtição". Não sou careta, quem pensa assim não é careta. Sejamos honestos, o que o mundo se transformou? O que fizeram com as pessoas? O que fizeram com os beijos românticos? O que fizeram com o pedido de namoro? Sabe, não acho legal essa coisa toda de sairmos por aí apontando pessoas e querendo que elas sintam algo por nós. Não acho legal essa coisa de sairmos por aí e escolhermos uma pessoa para ser nosso motivo de curtição.

Sentimentos surgem e por mais que seja um passatempo nunca vai ser apenas um passatempo. As pessoas se apegam, gostam e amam. Sim, você pode bancar o durão o tempo inteiro e falar que amor não existe, mas existe uma coisa chamada: carência. E sim, somos escravos dela. Somos escravos dos nossos sentimentos.Quis que o segundo cara que apareceu na minha vida fosse diferente, mas ele foi exatamente como o primeiro. Ele me quis apenas para suprir aquela necessidade dele daquele momento. Mas não houve amor, não houve nem sequer uma química. É evidente que sentimos falta de ter alguém, mas não se permita ser usado, não se permita ser jogado fora. Você é muito mais do que aparenta ser, você não precisa ser a curtição de alguém. Você precisa aprender que o amor não é algo que apontamos e que escolhemos, não mendigue amor de ninguém. Amor mendigado não é amor verdadeiro.

2 comentários:

  1. Querida Raíssa é com um imenso prazer que digo que estamos no mesmo barco! Eu odeio tudo isso de pessoas serem usadas atualmente para "tapar buracos momentâneos". Por isso terminei meu namoro. Mas que destruiu foi minha ex... Que me usava pros momentos de carência dela. hahahahaha

    E Vamos que vamos, porque a vida não para e ainda voa!

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  2. Que o complicado bumerangue do amar um dia oxalá saibamos jogar.
    GK

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