quinta-feira, 4 de abril de 2013

01- Devaneios de Maria.


Fico olhando para ele e tentando saber quais são as coisas que me prendem tanto naquele ser humano. Ele gosta de rock, curte Foo Fighters e jura que ouve Chico Buarque quando quer fazer uma reflexão sobre a vida, sobre o tempo passando e o amor. Ele jura que já amou. Ele, Mateus tenta virar os olhos de lado quando olho bem dentro, lá dentro dos seus olhos castanhos. E fico dando sorrisinhos tortos sem saber aonde aquele relacionamento ou aquela nossa relação irá nos levar. Não há um caminho certo, apenas sei que chegaremos a algum lugar, ou quem sabe, em nenhum lugar. Eu, Maria, sou uma pessoa simples. Tento sempre manter o coração ligado e não uso a cabeça, sigo sempre o meu coração. Gosto de Coldplay e choro ao ouvir músicas instrumentais. Sou agitada e detesto o tédio. Mateus adora sossego, adora silêncio, segundo ele, apreciando o silêncio podemos nos conhecer melhor. Conhecer a si mesmo. Mas ficamos horas olhando um para o outro e às vezes não sei o que estamos fazendo, eu quero abraça-lo, coloca-lo deitado no meu colo. Ele não quer, detesta qualquer manifestação de carinho. Mas eu continuo fazendo carinho na ponta dos dedos dos pés dele e sei que ele gosta, mas é que os homens tem medo desse tipo de coisa. Acho que não deve ser fácil um homem amar, Mateus diz que sou boba por acreditar nessas coisas de amor.

- Você devia ser menos boba, amor não existe. Existe um grande carinho, uma admiração, uma paixão. Mas amor? Não. – ele se ajeita na cadeira.

Não sei se devo continuar com uma pessoa assim, mas é que eu gosto tanto da maneira como ele segura minhas mãos na fila do cinema e gosto mais ainda quando sentamos para vermos um filme antigo na televisão velha da minha sala. Gosto da companhia dele e de todo aquele drama quando debatemos o que é melhor para o nosso futuro. E sejamos sinceros, não há futuro para nós dois.

Mateus é um cara agradável, educado e tem bom hálito. Não é do tipo que senta em uma mesa de bar e fica calado, tímido. Ele consegue prender todos com a sua conversa sobre livros de literatura e filmes antigos. Eu sou histérica, ciumenta e medrosa. Sinto medo de perder todas as coisas e pessoas que tenho no mundo, mas sou bem verdadeira com relação aos meus sentimentos. Eu sei o que sinto. As pessoas costumam me adorar porque tenho um jeito diferente de ser. Deve ser por isso que eu e Mateus nos conhecemos, sorrimos e fomos parar na cama dele. Era um dia nublado, o céu não sorria muito pra gente, mas eu fiquei feliz ao saber que deitei na cama de um homem que não me expulsou no meio da noite. Ele trouxe café da manhã na cama e perguntou se eu gostaria de tomar um banho. Tomar um banho na casa de um desconhecido era muito pra mim, não soube lidar com aquilo.

- Preciso ir embora, tenho alguns compromissos e divido o apartamento com uma amiga que não anda muito com a chave de lá. – falei sem jeito e com a mentira se espalhando pelo ar. Peguei a minha roupa e vesti sentindo um pouco de vergonha.

- Fica. – Mateus pede com firmeza. Pega em meu braço e me pede mais uma vez.

Não sei. Quando escutei aquela voz dele quase que sussurrando em meus ouvidos pensei que poderíamos ser algo. E acabei ficando. Fiquei e estou até agora.

Um comentário:

  1. Sem dúvidas um dos textos que eu mais gostei, lidos aqui no blogspot!
    O amor tem dessas coisas mesmo, né? A gente sabe que não vai dar em nada devido os pensamentos não serem iguais mas algo nos prende. O carinho, a química... Toda a sorte do mundo para a Maria! :) <3

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