Fico
olhando para ele e tentando saber quais são as coisas que me prendem tanto
naquele ser humano. Ele gosta de rock, curte Foo Fighters e jura que ouve Chico
Buarque quando quer fazer uma reflexão sobre a vida, sobre o tempo passando e o
amor. Ele jura que já amou. Ele, Mateus tenta virar os olhos de lado quando olho
bem dentro, lá dentro dos seus olhos castanhos. E fico dando sorrisinhos tortos
sem saber aonde aquele relacionamento ou aquela nossa relação irá nos levar.
Não há um caminho certo, apenas sei que chegaremos a algum lugar, ou quem sabe,
em nenhum lugar. Eu, Maria, sou uma pessoa simples. Tento sempre manter o
coração ligado e não uso a cabeça, sigo sempre o meu coração. Gosto de Coldplay
e choro ao ouvir músicas instrumentais. Sou agitada e detesto o tédio. Mateus
adora sossego, adora silêncio, segundo ele, apreciando o silêncio podemos nos
conhecer melhor. Conhecer a si mesmo. Mas ficamos horas olhando um para o outro
e às vezes não sei o que estamos fazendo, eu quero abraça-lo, coloca-lo deitado
no meu colo. Ele não quer, detesta qualquer manifestação de carinho. Mas eu
continuo fazendo carinho na ponta dos dedos dos pés dele e sei que ele gosta,
mas é que os homens tem medo desse tipo de coisa. Acho que não deve
ser fácil um homem amar, Mateus diz que sou boba por acreditar nessas coisas de
amor.
-
Você devia ser menos boba, amor não existe. Existe um grande carinho, uma
admiração, uma paixão. Mas amor? Não. – ele se ajeita na cadeira.
Não
sei se devo continuar com uma pessoa assim, mas é que eu gosto tanto da maneira
como ele segura minhas mãos na fila do cinema e gosto mais ainda quando
sentamos para vermos um filme antigo na televisão velha da minha sala. Gosto da
companhia dele e de todo aquele drama quando debatemos o que é melhor para o
nosso futuro. E sejamos sinceros, não há futuro para nós dois.
Mateus
é um cara agradável, educado e tem bom hálito. Não é do tipo que senta em uma
mesa de bar e fica calado, tímido. Ele consegue prender todos com a sua
conversa sobre livros de literatura e filmes antigos. Eu sou histérica,
ciumenta e medrosa. Sinto medo de perder todas as coisas e pessoas que tenho no
mundo, mas sou bem verdadeira com relação aos meus sentimentos. Eu sei o que
sinto. As pessoas costumam me adorar porque tenho um jeito diferente de ser. Deve
ser por isso que eu e Mateus nos conhecemos, sorrimos e fomos parar na cama
dele. Era um dia nublado, o céu não sorria muito pra gente, mas eu fiquei feliz
ao saber que deitei na cama de um homem que não me expulsou no meio da noite. Ele
trouxe café da manhã na cama e perguntou se eu gostaria de tomar um banho. Tomar
um banho na casa de um desconhecido era muito pra mim, não soube lidar com
aquilo.
-
Preciso ir embora, tenho alguns compromissos e divido o apartamento com uma
amiga que não anda muito com a chave de lá. – falei sem jeito e com a mentira
se espalhando pelo ar. Peguei a minha roupa e vesti sentindo um pouco de vergonha.
-
Fica. – Mateus pede com firmeza. Pega em meu braço e me pede mais uma vez.
Não
sei. Quando escutei aquela voz dele quase que sussurrando em meus ouvidos
pensei que poderíamos ser algo. E acabei ficando. Fiquei e estou até agora.
Sem dúvidas um dos textos que eu mais gostei, lidos aqui no blogspot!
ResponderExcluirO amor tem dessas coisas mesmo, né? A gente sabe que não vai dar em nada devido os pensamentos não serem iguais mas algo nos prende. O carinho, a química... Toda a sorte do mundo para a Maria! :) <3