quinta-feira, 7 de março de 2013

Simples de ser.

Havia sol lá fora. Havia gritaria e eu podia ouvir os passos das crianças correndo no meio da rua. Havia senhoras sentadas na porta de casa fofocando sobre o novo casal que chegou no bairro. Havia pipas no céu e amarelinhas desenhadas no chão. Havia o homem da pipoca, o homem do algodão doce, o homem do churros. Havia uma praça pequena e uma igreja que quase não cabia gente. Havia amor, compreensão, paixão. Havia o barulho das ondas batendo longe, mas que do quarto se escutava com bastante frequência. Mas, ainda havia algo que transformava aquele lugar: simplicidade. Nunca parei para analisar que as coisas simples são as coisas que mais me encantam. Costumo dizer e afirmar que precisa-se de pouco para ser feliz, mas o ser humano anda acostumado a querer sempre mais e querendo sempre mais faz com que atropelemos os outros que andam um pouco devagar na corrida da vida.

Hoje coloquei meu coração dentro de uma caixinha e o deixei lá. A areia que entrava nos meus pés era apenas a maneira de dizer que cheguei naquele lugar tão calmo e acolhedor. Dentro da minha cabeça havia uma voz que dizia que aquele lugar era mágico e tão especial que fazia a gente sonhar. Sonhar em ser simples, sonhar em desejar pouco, sonhar apenas em amar, fazer arte, fazer música, fazer textos, salvar vidas. Não é necessário que você seja médico para salvar vidas, não é necessário que você seja bombeiro, policial ou qualquer que seja a profissão. Salvamos vidas apenas com uma palavra de conforto, trazendo o sorriso do outro de volta, pintando com as mãos em um pedaço de papelão o nosso próprio auto-retrato.

Não sei, mas sinto que quando deixei aquele lugar, deixei um pouco do meu coração e percebi que reclamo por pouco. Acredito que me falta mais amor pela vida, me falta mais desejo de vencer e fazer com que os outros amem o que faço. No sorriso daquela senhora de oitenta anos, encontrei a paz que estava procurando. Acredito tanto em sinais que Deus usou uma carroça de burro para que eu notasse isso. Quando aquela simples senhora com rugas na pele e alguns fios de cabelo branco pegou na minha mão, ela pegou no meu coração, e me mostrou como é ser lindo e simples usando como exemplo uma carroça. Mas ela disse que aquele pequeno burro conduzia aquela carroça tão grande, e conduzia com bastante força.

Assim somos nós, somos tão pequenos, tão patéticos e queremos conduzir nossas vidas da maneira mais torta que existe. Deixamos que os "maiores" tomem conta do nosso espaço. Deixamos os nossos sonhos escaparem diante de nossas mãos e nem percebemos. Acho que essa foi a maior lição que tirei para hoje. Viver o hoje, aproveitar o hoje, sorrir o hoje, querer o hoje. Não desperdiçar sonhos por nada e nem por ninguém. O que é nosso vive guardado dentro do nosso próprio coração. Simplicidade me encanta.

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