segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Caixas.

Tenho uma caixa onde guardo minhas cartas. Tenho uma caixa onde guardo minhas fotografias. Tenho uma caixa onde guardo coisas que marcaram a minha vida. De vez em quando pego essas três caixas e coloco em cima da minha cama, vou tirando coisa por coisa e sentindo aquele cheiro de antiguidade, alguns papéis já estão velhos o suficiente e tem uma cor amarelada, algumas fotografias estão rasgadas e alguns objetos quebrados. Mas não importa. Ainda consigo sentir a sensação de cada um. Sempre achei importante que guardássemos as nossas melhores lembranças, é importante que cada um de nós preserve o que foi bonito. 

Um dia, lá na frente, quando eu estiver velha o suficiente vou querer recordar cada momento do passado. E isso não é viver de passado, mas é bom que tenhamos a consciência de que as coisas mudaram e de que os anos vão passando rapidamente. Eu sei que quando meus olhos piscarem estarei com 40 anos e depois com 50, e vou contar aos meus netos minhas histórias e vou mostrar cada um dos meus pertences que guardei dentro de cada uma das caixas. Olha, feliz aquele que ainda consegue perceber a simplicidade das coisas. É feliz quem sabe olhar para dentro de si e saber que há amor. É feliz quem conserva os bons amigos e cuida de cada um deles. É feliz quem zela pela vida de seus pais. 

Talvez eu termine só. Talvez eu construa uma família. Talvez eu encontre um grande amor. Talvez eu não tenha tempo de viver um grande amor, de construir uma família e nem tenha tempo de perceber que estou só. A vida é uma eterna roda gigante, ela é bem bonita e gigante, as pessoas que olham pra ela ficam admiradas com tamanha delicadeza, mas se a gente pisca o olho, ela roda de uma maneira que nem notamos. Guarde seus melhores momentos, suas melhores cartas e fotografias. Você irá precisar um dia. Talvez você termine apenas com essas lembranças e não importa o número de caixas. O que é importa é a sensação.

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