sábado, 19 de janeiro de 2013

Mais amor.


Não há amor. Não há sequer uma troca de favores sem que seja pedido algo em troca. Não há amigos te ligando no meio da madrugada pedindo conselhos amorosos. Não há aquele que goste de demonstrar fraqueza. Não há filmes românticos com lágrimas no fim. Não há cinema com casais apaixonados. Não há abraços verdadeiros. Não há cabeça no colo de alguém. Não há amarelinhas pintada de giz no chão das ruas. Não há meninos jogando futebol apenas por ser um esporte. Não há mais casais sentados em um banco da praça conversando baboseiras. Não há músicas com letras bonitas e que refletem o nosso estado de espírito. Não há mais sofá de vó com cheiro de mofo. Não há mais programas de tevê com desenhos animados. 

Eu sou da época de tirar foto em câmera digital, de publicar no fotolog e esperar o relógio chegar em 00:00 pra publicar outra foto, de crescer assistindo bananas de pijama, de comer em cima do sofá da minha avó assistindo Chaves, de colocar minha cabeça no colo da minha mãe, de comprar figurinhas e ficar triste quando alguma era repetida, de sentar no banco da praça e olhar os carinhas que passavam, de riscar uma amarelinha no chão com giz e quase ralar o dedo, de andar de bicicleta, de soltar pipas, de gostar de algum garoto e ficar toda vermelha perto dele, de escrever cartas e esperar ser respondida, de ouvir música e chorar, de locar filmes e de usar o telefone residencial. 

Não acho a tecnologia ruim, mas eu acredito que as pessoas foram se modificando. Não é preciso que moremos nos tempos de caverna, mas as pessoas perderam a essência do que é bom. As pessoas esqueceram de amar, de confiar e de demonstrar afeto. As pessoas esqueceram a importância da simplicidade e esquecem de como é importante ter alguém por perto. As pessoas imaginam um mundo e vivem dentro dele. Não há amor nos dias atuais e penso que estou sendo uma boba porque acredito. Não falo do amor entre duas pessoas e sim de maneira geral. Amor. Amor pela simplicidade. Mais amor. Mais amor, por favor!

3 comentários:

  1. Sempre delicados e precisos seus apontamentos, Raissa França. As pessoas estão muito "conectadas", porém sem sentir o calor umas das outras, que é o que vale a pena.

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  2. Triste, inteligente, belo e, sobretudo, bem escrito!
    GK

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  3. Esse é um desejo que tenho todos os anos. O amor é tão necessário e, apesar da tecnologia significar progresso, o que mais vejo por aí são pessoas que esbanjam uma vida que não lhes cabe por não ser verdadeira. Uma pena. Somos tão evoluídos e inteligentes, mas acabamos criando um distanciamento pessoal. Desnecessário. E a nova geração, que não é a sua e nem a minha, tende a seguir cada vez mais esse padrão - criado por nós.
    Abraços.

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