terça-feira, 11 de março de 2014

Tem gente que não nasceu pro amor.

(Você pode ler este texto ouvindo Passenger http://migre.me/ih9p1)

Esqueceram de me falar que o amor não é cem por cento bom. Esqueceram de me alertar que de vez em quando a gente gosta mais do outro e esquece um pouco da gente. Esqueceram de me alertar que nem todo mundo gosta da gente e que dói ser deixado de lado. Esqueceram de me falar que hoje beija, mas que amanhã nem se olha na cara. Esqueceram de me dizer tantas coisas que acabo me perdendo nos meus próprios esquecimentos. Ah, agora você quer que eu aprenda com a vida? Você quer que eu sofra? Não entendo por qual motivo não fui orientada desde pequena. Ninguém teve coragem de me dizer que tem gente que não nasce pro amor e que eu sou uma delas.

Sabe fulano, não sei seu nome e isso não me importa, você foi um tremendo de um panaca. Como é que alguém pode gostar tanto ao ponto de doer, de machucar, de chorar rios de lágrimas? E sabe qual é a pior parte? é a saudade que fica. Saudade que me detona e me quebra aos poucos. É fulano, saudade de tudo, até das tardes que eu e Artur passamos deitados na rede da casa da vovó. Uma rede velha que nos acolhia, deixava nossos corpos mais juntos e unidos. Eu ficava um pouco espremida, mas é bom ficar espremida de amor, o cheiro do suor dele, os toques, o beijo, tudo me fascinava e eu queria ficar naquele rede para sempre. Mas, esqueceram de me avisar que a rede também envelhece e tem uma hora que não aguenta, ela rasga e precisa ser jogada no lixo. Sim, foi bem assim que aconteceu comigo e com Artur. A nossa rede pocou, sabe? E o amor foi pro lixo.

Era um amor tão belo, mas tinha que acabar? Bom, já dizia minha avó que quando algo não é pra ser nosso, ele não dura, ele se vai. O nosso amor se foi e ficou somente eu. Ficou eu. Pálida, com as orelhas grandes, cabelos pretos e um sorriso de lado. Comecei a sorrir de lado depois que as coisas não deram certo, tenho medo de qualquer pessoa olhar pra mim e eu sorrir verdadeiramente, mostrar meus lindos dentes brancos. É que o outro pode achar que estou me entregando demais, sabe fulano? e eu não quero parecer uma pessoa desesperada, quero me trancar e tentar estudar o que acontece com os outros que eles não conseguem ser de uma só pessoa. É, tem gente que não nasceu pro amor e eu sou uma delas.

3 comentários:

  1. "Esqueceram de me alertar que de vez em quando a gente gosta mais do outro e esquece um pouco da gente." nossa tão eu! :(

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  2. Raissa, que saudade aqui do seu cantinho.

    Estive ausente no meu blog, peço desculpas pela demora para visita-la.

    O que escreveu está certo querida, e eu também sou uma dessas que não nasceu pro amor, eu me identifiquei tanto com o primeiro parágrafo, e acho que não nos ensinam desde pequena sobre o amor, pq não querem nos assustar, deve ser isso, embora haja tanta gente que é casada e se ama a tanto tempo, um dia encontraremos uma pessoa que nos ame, e queira ser só nossa, que nos complete, pode ser que daí descubramos que nascemos sim para o amor.

    Beijo na testa, volte lá!

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  3. Esquecer de ouvir tudo isso que dizem é bom (e saudável). Agora tenho tempo pra olhar mais pra mim. Se o amor quiser me achar, ele que implore pela minha atenção, a partir de agora é assim (:
    Adorei o texto e me enxerguei nele...

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