domingo, 31 de março de 2013

Saudade que aperta.

Fitei o teto no escuro. Eu realmente sabia que fitar o teto era uma espécie de terapia que funcionava somente comigo. Enquanto meus olhos percorriam toda aquela escuridão, meu pobre coração chorava por dentro de tanta saudade. Era uma saudade anormal. Uma saudade imensa, devastadora e ao mesmo tempo terrível. Uma saudade que fazia doer cada membro do meu corpo e que me fazia querer chorar por dias. Uma saudade dos seus olhos castanhos e dos seus cabelos pretos, uma saudade que não cabia mais em mim. E de repente pensei que estava ficando louca, um pouco doente quem sabe. E não era apenas uma saudade dos seus olhos, cabelos e dentes. Era saudade do barulho do seu mastigado, do perfume que me deixava com dor de cabeça, do som dos seus sapatos entrando em casa, do seu riso, da sua cara fechada nas manhãs de domingo. E percebi que enquanto fitava o teto minha cabeça ia viajando em vários momentos.

Momentos meus, momentos teus. Momentos que deixei escapar porque fui boba o suficiente, momentos que deixei fugir porque achei que haveria um amanhã. Não houve amanhã. E não tive tempo de te dizer quão bem a sua companhia me fazia e que eu desejaria dormir contigo até o fim da minha vida. E não tive tempo de dizer que você era importante para mim. Eu não tive tempo de dizer nada. E sabe, eu amava te olhar. Os teus olhos eram labirintos que me faziam ficar alucinada, era mágico, era belo. A gente devia ter tempo de dizer tudo que a gente quer, mas a gente sempre deixa pro outro dia. E se não houver o outro dia? E se a nossa chance passar e não houver uma maneira de recuperá-la? Acredito em segundas chances, mas eu compreendo que esgotei a minha cota contigo.

Eu ainda tenho muita coisa guardada dentro de mim. Vou fitando o teto do quarto na esperança de que uma voz sopre em meus ouvidos e me diga o que fazer, para onde ir. Quero seguir meu coração, mas eu preciso saber que nem sempre seguir o coração é o melhor caminho. Eu sei que você não fita o teto do seu quarto, não pensa em mim com frequência e que talvez nem sinta falta dos meus dentes amarelos. Mas eu sinto saudade, meu bem. Sinto uma saudade que aperta meu peito e vai me deixando sem ar. Não posso controlar. Eu te quero bem perto de mim e da melhor maneira possível. Eu preciso te dizer só mais uma coisa e se você quiser digo bem baixinho no seu ouvido. Prometo que ninguém irá escutar, posso dizer? Lá vai: eu quero você.

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