segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Dear Sally,

Tenho falado muito dele. E se tenho falado dele é porque algo mudou dentro de mim. Tenho notado os traços do rosto do rapaz e já analisei até o formato da boca. Isso é sério? É que ando preocupada. Minha vida anda uma confusão e um turbilhão de sentimentos acontecem dentro de mim. Tenho desejado a presença dele e a vontade de ser cuidada só aumenta. Ando carente, solitária, atordoada e sem saber o que fazer. Estou perdendo as pessoas. Esse tempo maldito anda levando todos de quem gosto e sinto que o meu coração foi estraçalhado. Mas eu só queria ele. Bem que o mundo podia ser gentil comigo e me desse de presente aquele cara. Ele é lindo. Consigo encontrar nele tudo que não encontrei nos outros. Nós combinamos. 

Sinto dor quando me olho no espelho. Consigo disfarçar muito bem essa tristeza. Consigo enganar as pessoas. Consigo me controlar na frente dele e sorrir como se não houvesse um desejo. Não é amor. Eu preciso de alguém para curar essa ferida que vem crescendo dentro de mim. Ferida que não fecha. Queria poder arrumar minha vida. Como posso fazer isso? Ainda lembro do dia que você se foi. Você me prometeu que ia ter tempo para cuidar de mim e mesmo longe a nossa amizade não ia acabar. Você prometeu que eu ficaria bem e encontraria alguém bem legal. Você encontrou e eu não. Estou fracassada. Da última vez te falei que queria distância do amor, dessa coisa de gostar do outro. Eu já não tenho paciência. Você sorria e dizia que uma hora ele ia chegar. Não chegou.

Deposito toda minha confiança em qualquer cara com um sorriso bonito. Deposito toda minha expectativa em cima de alguém que me trata bem. E ele fez isso comigo. O andar dele é tão bonito, o tom de pele, o cheiro de perfume, a calça jeans com aquele cinto marrom e eu gosto dele. Tá, assumo. Gosto dele porque estou apaixonada pela pessoa que imagino que ele seja. Nunca deixei essa mania de lado e sim, quero ele. Mas me sinto patética quando o vejo, eu sei que ele não pode ser meu. E não é falta de confiança em mim, o mundo me mostra isso. Volta Sally! Como faço pra curar essa dor que há dentro de mim? Não sei qual caminho trilhar agora. Cansei de ser gente grande, cansei dessa brincadeira de viver.

4 comentários:

  1. Raissa, eu estou sem palavras com esse texto.

    Nunca comento pessoalmente com você, mas saiba que eu tô sempre por aqui lendo e me emocionando com a maioria dos textos (esse foi um deles).

    Eu não tenho mais nada a dizer além de te dar os parabéns, não só pelos textos. Mas queria te dar meus parabéns por você ter encontrado seu DOM. O presente que Deus guardou pra você foi o dom da palavra, o dom da escrita para que você pudesse tocar os outros, e isso você vem fazendo com êxito! Parabéns! :*

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  2. Lindo! Primeira vez que visito seu blog e já adorei sua escrita. Acho que após sermos machucados a unica coisa que queremos é alguém que seja como um remédio e nos faça esquecer do que passou, independente de quem seja, é um oco que procuramos a qualquer custo preencher!
    Beijos, tenha uma ótima semana :D

    http://ribeiroap.blogspot.com.br/

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  3. Você realmente tem um talento incrível com as palavras. Além de escrever bem, tem a capacidade de encantar com isso também. Esse texto me emocionou bastante. Principalmente na parte em que diz '' Cansei de ser gente grande, cansei dessa brincadeira de viver.'' Eu às vezes penso a mesma coisa. Quando criança, essa coisa de ser gente grande parecia mais legal, não é?
    Um beijo, @pequenatiss.

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  4. Na primeira visita me deparei com algo tão profundo que nem mesmo tenho palavras pra descrever! Voltei a infancia, a época em que ser gente grande me parecia divertido, especial, algo que eu mal contava as horas, mas agora que chegou... e agora? As vezes cansa, cansa tudo! Mas é preciso continuar vivendo, e tentando e não deixar que o cansar nos faça desistir.

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