Clarice e a solidão

As pessoas não tem se preocupado muito com a paixão. Elas desconhecem o que é amor e querem apenas "se juntar" com alguém. Se juntar é tão mais fácil, não deu certo? Tudo bem, vai passar, sempre passa. Você não precisa ter um tipo de relacionamento, não precisa ter que responder as pessoas que perguntam se tal relação é séria ou não. A maioria das pessoas está perdendo o interesse em ter alguém, já que focar no futuro profissional, material e pessoal é bem mais prático. Elas se enchem de coisas, compram, andam de bar em bar, tomam uma cerveja gelada, conversam com os amigos, mas ao chegar em casa o sentimento de vazio continua o mesmo. 

Clarice pegava o celular a cada cinco minutos, mas não havia nada de interessante. Era uma mulher bem sucedida, desejava sempre o bem do próximo, acreditava incansavelmente na bondade humana, às vezes se sentia como uma tola, mas era o jeito dela. Nada a surpreendia, nada mudava, os dias eram os mesmos e isso fazia com que ela enjoasse de tudo rapidamente. Inventava novos esportes, novos filmes e leituras bem complexas, queria a todo custo ter algo novo. Ao longo do tempo, Clarice conheceu um rapaz que prestava atenção no cabelo dela. Ela ficou admirada como alguém podia se interessar pelo cabelo dela, era fascinante! Resolveu colocar uma chance no rapaz, no novo romance que ela própria criou. Ela jogou tantas expectativas em cima daquele homem, sonhava com o beijo dele e contava os dias para vê-lo. Até que um dia, a moça saiu entusiasmada e encontrou o rapaz com outra mulher. Morena, cabelo preto, sorridente e baixinha. Ela voltou a se decepcionar com a vida.

Foram dias de lágrimas derramadas no travesseiro, dias de músicas que remetiam a solidão, dias de longas cartas rasgadas e a vontade de sumir era inexplicável. Ela precisou passar por toda dor para perceber pontos importantes, o rapaz jamais havia dito que queria estar com ela, ele só a olhava, talvez estivesse interessado, mas não o suficiente para ir até ela e conhecê-la. Outro ponto que foi analisado foi que o desejo dela, a carência, a vontade de ter alguém foi devastadora. Ela viu e criou situações que não existiam, mas a vida deu uma rasteira nela e mostrou que não se pode querer alguém do nada. Ou você quer ou não quer. 

Ela aprendeu e agora não espera nada. Continua sozinha, coração de vez em quando até dói, mas ela sabe que a vida dará quem ela precisa e essa pessoa vai preencher o coração dela de uma maneira que vai fazê-la flutuar.