sexta-feira, 2 de maio de 2014

Uma pausa para ler este texto

(Você pode ler este texto ouvindo Death cab for cutie https://www.youtube.com/watch?v=NQuVudn1-RE )

Uma pausa para escrever. Uma pausa para o café. Uma pausa para ouvir a sua música favorita e poder cantarolar bem alto. Uma pausa para rever as contas. Uma pausa para rever o coração e os sentimentos. Aí ela coloca a mão na cabeça e pensa em todas as coisas que já foram, em todas as pessoas que já foram, quem sobrou? Ela conta nos dedos quantos amigos ainda tem. Mas, ela também percebe que muitos amores passaram e não sobrou nada deles. Quando uma pessoa se vai, ela leva com ela um pedaço da gente. Ela sabia bem disso. Sua cabeça estava confusa devido aos últimos acontecimentos. Acontecia tanta coisa e ao mesmo tempo não acontecia nada. Sim, ela sentia sua vida indo pra frente e pra trás, como se existisse uma corda que a puxasse. Uma pausa para pensar um pouco nela. Ninguém pensava nela, mas ela devia pensar que alguém pensava nela, pois seria frustrante saber que não existe alguém pensando no sorriso dela.

Uma pausa para olhar o céu e perceber as maravilhas da vida. Tinha dias que ela acordava bem e sorria até pro porteiro, mas em dias nublados, por exemplo, ela esquecia que precisava calçar sapatos, ao invés de chinelos velhos. Uma pausa para escrever uma carta. Uma carta pra quem quer que seja, pra quem estiver disposto a analisar algumas palavras que iam se soltando aos poucos, quase ninguém compreendia mesmo o que estava querendo dizer. A verdade é que a carta pedia socorro, um desespero de que alguém apareça e salve ela desse mundo confuso que vive. Ela não aguentava mais ter que se apaixonar por qualquer um que aparecesse pela frente, realmente era frustrante a ideia de que não conseguia manter relacionamentos, na verdade, as pessoas não conseguiam manter relacionamentos com ela. Todos iam, ninguém ficava. E sim, o coração dela ia junto, sobrou apenas um nó. 

Uma pausa para parar de pensar e voltar ao trabalho. Ela precisava se manter firme diante das situações mal resolvidas da sua vida e tentar resolver as situações mal resolvidas da vida dos outros. Ela parecia uma pia de lavar pratos, as pessoas vão lá e jogam resto de comida, pratos sujos, copos, e depois, alguém vem e lava, enxuga e guarda. Era bem assim que acontecia com ela diariamente, todos jogavam tudo na pia dela e com a maior paciência do mundo, ela ia e limpava, enxugava as dores. Mas, e quem está limpando a pia dela quando ela precisa que os pratos sejam lavados? 

2 comentários:

  1. Uma pausa no domingo antes do samba pra ler esse texto, e se encaixar perfeitamente na situação da personagem.
    Você é demais Raíssa!
    Quantas saudades que eu estava de me estacionar por aqui....

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  2. Oi Raissa,

    adorei o texto, eu tmb pareço uma pia.
    Já lido essa parte em algum lugar não sei onde, "todo mundo que passa na nossa vida, leva um pedaço da gente", já passarm tantas na minha que não sobrou quase nada de mim.

    Beijo na testa!
    http://www.portiprati.com/

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