sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Dias.

Eu sei que não anda fácil viver. Eu sei que tem dias que a solidão aperta dentro da gente. Eu também sei que amor virou motivo de piada e que relacionamento já nem é mais tão sério assim. Tem dias que nem a gente se suporta, colocamos a culpa em todo mundo e esquecemos de olharmos para dentro do nosso coração. Há dias em que acordamos e nem queremos sair de casa, a nossa maior vontade é "abandonar o barco" e correr por aí. Tenho tido dias assim, mas essa semana conheci alguém. Acordei apressada para o trabalho, estava naqueles dias em que nada corre bem. Derrubei café na própria roupa, esqueci o celular em casa e meu chefe já tinha me ligado perguntando o motivo da minha demora. Acordei totalmente estressada e com vontade de matar qualquer pessoa. Sentei no ponto de ônibus e coloquei o fone de ouvido, fechei a cara e não queria que ninguém sorrisse perto de mim. Até que alguém toca no meu braço. Virei a cara com tanta rapidez que derrubei o fone de ouvido. Era uma moça pobre pedindo esmola. Disse que não tinha e virei o rosto. Ela tocou no meu braço novamente. Dessa vez fui mais grossa e perguntei se ela não tinha ouvido o que eu disse. Mas algo nela me fez parar. 

- A senhora tá se sentindo bem? - Falou a moça pobre.
- É claro que sim. E você se importa comigo? - Falei com grosseria.
- Não. Sei que a senhora não tá bem.
- O que aconteceu para você dizer isso? - Respondi com impaciência.
- Não há sorriso em seu rosto, não há felicidade. - A moça falou com uma certa calma.
- Não tenho motivos para sorrir. Estou atrasada, acordei com falta de humor, meu chefe já me ligou, meu namorado me deixou e minha vida não tem sido legal. - Respondi com vontade de chorar.
- Toma, pega isso. - A moça me entregou uma rosa.
- Uma rosa? O que uma rosa vai fazer?
- Essa rosa é para senhora lembrar que existe esperança. Existe felicidade, existe um sorriso escondido por trás desse rosto. A senhora não tem problemas, tem dificuldades. Quem tem problema sou eu que vivo pedindo dinheiro para comer e poucos me ajudam, não tenho casa e nem família. Ando solitária por aí e durmo em cima de um papelão, mas não consigo perder a fé. Eu acredito que um dia vou sair dessa vida e é por isso que não perco meu sorriso. Lembre-se: você é aquilo que transmite. - Falou a moça.

Ela partiu me deixando com apenas uma rosa. Meu mundo havia caído. Eu não precisava ouvir conselhos de uma desconhecida, mas foi por causa dela que meu dia melhorou. Ando querendo melhorar de vida e esqueço como, sei onde quero chegar, mas não sei como. Um simples sorriso melhora a vida de muita gente e tenho a mania de pensar que comigo não funciona, mas como vamos dizer que algo não funciona se nem mesmo experimentamos? Viva! Anda muito difícil sobreviver hoje em dia. Problemas, dificuldades, solidão. Mas isso todo mundo passa e poucos perdem a cabeça. Realmente é preciso saber viver, saber superar os problemas e entender que passar um pouco de felicidade não faz mal. Transmita coisas boas e coisas boas vão chegar. Lembre-se: você é aquilo que transmite.

4 comentários:

  1. Poucos os livros que me fazem chorar, mais raras ainda as postagens que me remetem a isso, e essa foi uma delas.

    Parabéns mais uma vez, e com todo respeito, cada vez mais me apaixono pelos seus sentimentos, que claro, são transmitidos a estes textos [magníficos] e expressos por essas palavras.

    Obrigado! Muito obrigado por "escrever"!
    Beijos =)

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  2. Gostei, Raíssa, sempre explorando a sensibilidade.

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  3. Há dias em que todos os rostos paracem ocos. E todas as palavras, socos.
    GK

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  4. Muito legal a idéia do texto, Rah. É sempre bom termos pessoas, sejam anônimos na rua ou blogueiros, nos lembrando de fazer algo simples como sorrir. Esse aqui ainda pode melhorar em alguns pontos, meu preferido continua sendo o do amor de cinema =p

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