quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Amor de cinema.

Andei notando os casais que vão ao cinema. Existe gente de todo tipo, de todo jeito. Casais bonitos e que causam uma inveja enorme, casais que estão em fase inicial de namoro, casais antigos que já nem se olham com tanta frequência. Há também aquelas rodas de amigos que soltam gargalhadas exageradas antes de começar o filme. E há também os solitários. Sou desse mundo, pertenço ao mundo da solidão. Estou sentada esperando o horário para a sessão do filme começar, nesse pequeno intervalo de tempo as pessoas vão chegando e ficando em fila, a moça do caixa avisa que o caixa está livre, o cheiro de pipoca ganha espaço bem no meio de nossas narinas e o barulho existente no ambiente já me deixa impaciente. 18:50 e o filme vai começar. As pessoas vão entrando na sala de cinema e escolhendo seus lugares. Escolho o lugar mais escondido do lado esquerdo, um lugar onde posso encostar minha cabeça na parede e colocar meus pés na cadeira da frente.

Não quero que as pessoas notem o vazio da cadeira ao meu lado e por isso coloco minha bolsa apenas para ocupar espaço. Não quero que os casais notem que não há um cara para encostar minha cabeça durante o filme ou até mesmo fazer comentários sobre o personagem. Não quero ser motivo para que os outros sintam pena de mim. Estou na minha solidão. Vivendo o meu momento. É lógico que sinto a falta de alguém bem alí ao meu lado. Sinto falta de ter aquele corpo masculino me passando segurança quando as luzes se apagam. Fica aquele vazio e quem me acompanha nessa sessão é a minha bolsa. Até pego nela para ter a sensação que estou tocando em algo. É ridículo, mas essa sou eu.

Sei que não há muita compreensão, entendo perfeitamente todas as pessoas que me acham uma louca sofrida e apaixonada. Mas essa sou eu: intensa, dramática, apaixonada. O que pode ser uma coisa boba para você é algo lindo para mim. Observo os casais que vão ao cinema com tanta tristeza que nem cabe dentro do meu coração e sinto uma pontinha de inveja lá dentro. É errado pensar que aquela ida ao cinema poderia ter sido comigo? Acho que não vamos para o inferno por pensamentos assim. Aí você diz: é apenas um cinema. Eu retruco: não é apenas um cinema, é amor de cinema.


3 comentários:

  1. Bela como a flor recém molhada
    É a aura da mulher apaixonada
    GK

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  2. Já fui uma solitária de cinema. E talvez até gostasse desse "papel na sociedade". não havia a intromissão de um comentário no momento em que perco a fala e a legenda dos personagens. Hoje tenho companhia, é verdade. E espero que a sua não demore a aparecer. Abraços.

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  3. Raíssa, muito bonita sua forma delicada de falar dessas agonias que a solidão nos causa. Permaneça "intensa, dramática, apaixonada". O mundo precisa disso.

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