A madrugada é minha melhor amiga. Sinto que quando ela chega todas as minhas emoções surgem de uma maneira estranha. Tento enfiar minha cabeça no travesseiro e logo penso mil coisas. Penso em mil situações vividas, em mil pessoas que estão presentes perto de mim. Às vezes, solto uma risada bem alta no meu quarto escuro e em outros momentos, as lágrimas vão caindo bem no meio do meu rosto me fazendo sentir uma saudade de quem eu costumava ser. Talvez meu passado tenha sido melhor do que o hoje, mas também compreendo que o meu hoje está bem melhor do que meu passado. Algo que só o ser humano entende, sempre insatisfeito. Fico olhando meu porta-retrato perto da minha cama e percebo se meu sorriso de antes é como o de agora. É quando percebo que sinto bastante falta do meu passado. Sou daquele tipo de pessoa que quando algo vai muito bem na vida, fecha os olhos e implora para que aquele momento não acabe nunca. Daquele tipo de pessoa que torce bastante para que um dia dure, uma noite feliz permaneça para sempre e que os bons beijos, abraços e carinhos sejam duradouros. Sinto falta até de quem vive presente na minha vida, mas que ultimamente não tem estado tão presente assim, entende?
Tenho observado as mudanças do tempo, o comportamento alheio, a falta de amor, de cumplicidade e principalmente a capacidade do outro querer sempre agarrar-se a algo e na verdade não estar preso em nada. É sempre difícil imaginar como fica meu coração, sendo eu tão sentimental assim e ter que lidar com todas as minhas dores. Mas olha, saudade de quem eu era. Saudade de acordar cedo para ir estudar e ler todos os livros de uma só vez, de comer brigadeiro assistindo sessão da tarde e dormir no sofá, saudade de todos os bares e viagens que estive com minhas amigas, saudade do aconchego da casa da minha avó e das brincadeiras da infância com meus irmãos. A gente acaba sentindo saudade sempre do que é bom, do que marca, de um cheiro na camisa de quem a gente gosta. E vem aquela dorzinha que se faz morada dentro do nosso peito fazendo com que respiremos bem forte, olhemos para cima e desejemos voltar no tempo. Meu coração sempre dói quando relembro algo que marcou. Mas eu sei que é preciso viver o presente, mas o presente anda me deixando bastante desmotivada, desanimada.
E quando o sol aparece na janela do meu quarto percebo que chegou um novo dia. E a cada dia é um recomeço, mas estou deitada na minha cama pensando que hoje será como ontem. E é quando adormeço, mas até meus sonhos mostram o meu antigo eu e de quem tanto sinto saudade.
Saudade... sentimento incompreensível ou impossível de se definir? Quando tentamos dar-lhe os pontos e a forma deixamos de senti-lo. E quando confundimos saudades com imaginação? As saudades dos tempos não vividos e das coisas não acontecidas... É que na verdade não enxergamos o passado objetivamente. Nossa mente trata de (re)conhecer aquilo que nos convêm. Ou melhor, que a ela convém. Nossa visão do futuro é uma criação nossa, assim também é nosso passado, fruto de uma coisa vivida misturada com nossas vontades de mudança e sentimento. Lembramos, pois, de uma historinha fictícia, baseada em fatos reais, mas cheia disso, de censuras e improvisos.
ResponderExcluirMeu coração sempre dói quando relembro algo que marcou.
ResponderExcluirO meu também dói muito, principalmente quando me lembro de alguém que de alguma força ainda esta na minha vida mas não é a mesma pessoa da tal lembrança, de anos atrás.
Mas sabe, tenho aprendido a lidar com isso, dói sim mas deixei de parar minha vida por isso.
O passado sempre deixa algum aprendizado.
Beijos