quarta-feira, 5 de junho de 2013

Saudades de quem eu era.

A madrugada é minha melhor amiga. Sinto que quando ela chega todas as minhas emoções surgem de uma maneira estranha. Tento enfiar minha cabeça no travesseiro e logo penso mil coisas. Penso em mil situações vividas, em mil pessoas que estão presentes perto de mim. Às vezes, solto uma risada bem alta no meu quarto escuro e em outros momentos, as lágrimas vão caindo bem no meio do meu rosto me fazendo sentir uma saudade de quem eu costumava ser. Talvez meu passado tenha sido melhor do que o hoje, mas também compreendo que o meu hoje está bem melhor do que meu passado. Algo que só o ser humano entende, sempre insatisfeito. Fico olhando meu porta-retrato perto da minha cama e percebo se meu sorriso de antes é como o de agora. É quando percebo que sinto bastante falta do meu passado. Sou daquele tipo de pessoa que quando algo vai muito bem na vida, fecha os olhos e implora para que aquele momento não acabe nunca. Daquele tipo de pessoa que torce bastante para que um dia dure, uma noite feliz permaneça para sempre e que os bons beijos, abraços e carinhos sejam duradouros. Sinto falta até de quem vive presente na minha vida, mas que ultimamente não tem estado tão presente assim, entende? 

Tenho observado as mudanças do tempo, o comportamento alheio, a falta de amor, de cumplicidade e principalmente a capacidade do outro querer sempre agarrar-se a algo e na verdade não estar preso em nada. É sempre difícil imaginar como fica meu coração, sendo eu tão sentimental assim e ter que lidar com todas as minhas dores. Mas olha, saudade de quem eu era. Saudade de acordar cedo para ir estudar e ler todos os livros de uma só vez, de comer brigadeiro assistindo sessão da tarde e dormir no sofá, saudade de todos os bares e viagens que estive com minhas amigas, saudade do aconchego da casa da minha avó e das brincadeiras da infância com meus irmãos. A gente acaba sentindo saudade sempre do que é bom, do que marca, de um cheiro na camisa de quem a gente gosta. E vem aquela dorzinha que se faz morada dentro do nosso peito fazendo com que respiremos bem forte, olhemos para cima e desejemos voltar no tempo. Meu coração sempre dói quando relembro algo que marcou. Mas eu sei que é preciso viver o presente, mas o presente anda me deixando bastante desmotivada, desanimada.

E quando o sol aparece na janela do meu quarto percebo que chegou um novo dia. E a cada dia é um recomeço, mas estou deitada na minha cama pensando que hoje será como ontem. E é quando adormeço, mas até meus sonhos mostram o meu antigo eu e de quem tanto sinto saudade.

2 comentários:

  1. Saudade... sentimento incompreensível ou impossível de se definir? Quando tentamos dar-lhe os pontos e a forma deixamos de senti-lo. E quando confundimos saudades com imaginação? As saudades dos tempos não vividos e das coisas não acontecidas... É que na verdade não enxergamos o passado objetivamente. Nossa mente trata de (re)conhecer aquilo que nos convêm. Ou melhor, que a ela convém. Nossa visão do futuro é uma criação nossa, assim também é nosso passado, fruto de uma coisa vivida misturada com nossas vontades de mudança e sentimento. Lembramos, pois, de uma historinha fictícia, baseada em fatos reais, mas cheia disso, de censuras e improvisos.

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  2. Meu coração sempre dói quando relembro algo que marcou.


    O meu também dói muito, principalmente quando me lembro de alguém que de alguma força ainda esta na minha vida mas não é a mesma pessoa da tal lembrança, de anos atrás.
    Mas sabe, tenho aprendido a lidar com isso, dói sim mas deixei de parar minha vida por isso.
    O passado sempre deixa algum aprendizado.

    Beijos

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